Essa nova figura sucede o gerente e o líder e assume a responsabilidade por um ambiente mais humano e criativo
São Paulo - Em 1977, o professor da Harvard Business School
Abraham Zaleznik (1924-2011) publicou o artigo Leaders and Managers: Are They
Diferent? (“Líderes e gerentes: eles são diferentes?”). No texto, o pesquisador
expõe as diferentes habilidades para as posições de gerência e liderança.
Aos gerentes caberia apaziguar conflitos e assegurar o cumprimento
das atividades diárias. Já os líderes adotariam atitudes pessoais em relação a
seus objetivos, buscariam oportunidades e estimulariam o processo criativo. No
estudo, o professor da Harvard constatava: as organizações de sucesso
necessitam de indivíduos com ambos os atributos.
O artigo foi publicado durante a Era de Ouro do Capitalismo,
período de ruptura entre o fim da Segunda Guerra e a crise do petróleo. Naquela
época, os processos de produção e regulação do trabalho, fundados na rigidez da
lógica taylorista-fordista, estavam em xeque. Desde então, o que se vê é a
intensificação da globalização, o aumento da competição entre empresas e a
busca por diferenciação e por vantagens competitivas, em particular a
flexibilidade.
Quando Zaleznik escreveu o artigo, a concepção de gerência dava
ênfase à qualificação, ao controle e a processos produtivos rígidos. Com a
busca de um padrão de competitividade centrado na noção de flexibilidade, o que
emerge é uma preocupação das empresas em ampliar o escopo de conhecimentos,
habilidades e atitudes de seus profissionais, incorporando atributos próprios
do imaginário clássico de liderança.
Daí chegamos à atual tônica de liderança. Além dos perfis
gerenciais e de liderança analisados por Zaleznik, vislumbra-se a emergência de
um novo: o líder de líderes, sobre o qual se depositam expectativas quanto à
capacidade de construção de ambientes que atraiam e retenham pessoas adaptadas
ao atual padrão de competitividade.
Dos líderes de líderes espera-se capacidade de leitura de
contextos e pessoas, de estabelecer conexões, de lidar em contextos
multiculturais e com situações contraditórias.
Em especial, o líder de líderes deve criar condições para uma
gestão humana, em que os gerentes líderes, os líderes gerentes e suas equipes
possam evidenciar a criatividade, a capacidade de inovação, a sensibilidade, as
experiências, as emoções, expressando, assim, o máximo de suas potencialidades
como pessoas e profissionais.
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