As famílias brasileiras nunca
estiveram tão endividadas. Segundo dados do Banco Central divulgados em
junho, o enidamento atingiu 44,2% em abril, maior índice desde
2005. Isso quer dizer que a dívida com os bancos tem
comprometido quase metade da renda familiar.
Além disso, dados da
Serasa Experian mostram que no primeiro semestre de 2013 houve um
crescimento de 5,6% na inadimplência. O aumento da dívida dos
brasileiros foi provocado, principalmente, pelos financiamentos
imobiliários.
Segundo o
educador financeiro Reinaldo Domingos, autor do livro Livre-se das Dívidas (Editora
DSOP), o ciclo de endividamento geralmente tem origem na compra da
casa própria ou do carro, os dois maiores sonhos de consumo do
brasileiro.
O ciclo do endividamento
Descubra em que etapa
você está e que medidas precisa adotar para se recuperar o quanto antes
1 A prestação da casa ou do
carro está pesada para o orçamento.
Solução: tente
renegociar o financiamento, com prazo mais longo e parcelas menores (incluindo
o IPTU e o condomínio na conta). Se não for possível, identifique onde pode
cortar gastos para priorizar as prestações.
Se sua renda caiu
bruscamente e não há perspectiva de recuperação nos próximos seis meses, venda
o imóvel e quite a dívida ou devolva o carro.
2 Você começou a pagar todas as
despesas do dia a dia no cartão de crédito para que sobre dinheiro para as
prestações do carro ou da casa.
Solução: o limite do cartão engana, mas o valor real que pode ser gasto se
restringe ao que sobra de sua remuneração, descontadas as despesas fixas e as
prestações do carro ou da casa. do contrário, você não conseguirá pagar o total
da fatura no vencimento.
3 A fatura do cartão de crédito
aumenta e fica difícil quitá-la. Você passa a pagar o valor mínimo até a
entrada de um recurso extra.
Solução: se você quita só a
parcela mínima do cartão, está pagando apenas os juros. A dívida real continua
no rotativo, gerando novos juros no mês seguinte. Se pagar o mínimo tem se
tornado uma constante, você está em perigo financeiro. Antes de a dívida se
aprofundar, peça ao gerente a redução do limite e faça cortes nas despesas.
4 Os recursos extras não vêm
e você recorre ao cheque especial para pagar o valor mínimo do cartão.
Solução: se usou o
cheque especial para pagar o cartão no mês anterior, você terá ainda menos
dinheiro em conta no mês corrente para pagar a nova fatura ou a prestação do
carro e da casa. A saída é se antecipar a esse estágio renegociando as outras
dívidas.
5 Nos meses seguintes, o salário
que entra na conta passa a ser suficiente apenas para cobrir o cheque especial.
Solução: verifique com o
empregador a possibilidade de receber o salário por cheque ou dinheiro, procure
seu gerente e peça que junte num mesmo pacote as dívidas do cartão e demais
empréstimos. Negocie uma linha de crédito mais alongada, com juros de 2,5% ao
mês e prestações menores. Assim, você vai pagar não só os juros, mas o valor
principal da dívida, liquidando-a pouco a pouco.
6 Sem nenhum recurso disponível,
você deixa de pagar a prestação da casa ou carro.
Solução: se ainda não o fez,
chegou a hora de fazer um levantamento de quais são suas contas essenciais,
como água, luz e telefone, e quais devem ser cortadas definitivamente — TV a
cabo, celulares etc. Se está sendo procurado por empresas de recuperação de
crédito, saiba que elas têm autonomia para dar descontos de 30% a 80%.
Renegocie.
7 Inadimplente com diversas
fontes, você não tem novas linhas de crédito às quais recorrer.
Solução: se não houve
possibilidade de acordo com o banco, seu nome será negativado, mas isso pode
ser revertido. Depois que seu salário deixar de ser depositado em conta,
economize. Parece estranho dizer isso a alguém endividado, mas essa atitude lhe
dará vantagem na negociação, quando for procurado pelas firmas de recuperação
de crédito.
8 Alguns provocam a própria
demissão para pagar as dívidas com o dinheiro da rescisão e do
seguro-desemprego. Outra atitude extrema é pedir dinheiro para financeiras a
juros mais altos.
Solução: em vez de uma atitude
desesperada ou de empurrar o problema com mais um empréstimo, reconheça que
chegou ao fim da linha e, após conscientizar a família, comece a adotar as
medidas que deveriam ter sido assumidas anteriormente. "Acredite: quanto
mais cedo reconhecer o problema, para si e para os outros, mais rapidamente reverterá
a situação", diz Reinaldo Domingos.
Vanessa Vieira, da VOCÊ S/A / Revista VOCÊ S/A / Edições / 183
Comentários
Postar um comentário
Deixe sua sugestão ou opinião, quero contar com sua participação.