Para as ciências cognitivas e comportamentais, feedforward é um método
de aprendizagem que utiliza a visão de um objetivo a ser alcançado para
mobilizar o indivíduo. Ou seja, enquanto a prática do feedback se baseia em
situações passadas, o feedforward aponta para o futuro – para aquilo que a
pessoa pode ser, abordagem muito utilizada também nos processos de coaching.
Outra coisa que diferencia os dois conceitos é o efeito que causam. Por
maior que seja o nosso cuidado ao concedê-lo, o feedback corretivo, por
definição, aponta lacunas, erros ou defeitos de alguém. Trata-se de uma situação
percebida como negativa pela pessoa que o recebe, e, num primeiro momento, ela
experimenta reações neurológicas e fisiológicas de stress. É bem verdade que
certa dose de stress é benéfica para o ser humano, pois o impulsiona para a
ação. Porém, sob o efeito dessas reações, no indivíduo tem uma redução
momentânea de suas capacidades cognitivas e torna-se mais fechado para os
relacionamentos, entre outras coisas.
Já a visão criativa envolvida no feedforward, que leva o outro a
imaginar o que gostaria de ser ou fazer, ativa os circuitos neurais do sistema
nervoso parassimpático e a liberação de hormônios que promovem sensação de
bem-estar. Sob o efeito dessas reações, a pessoa fica mais otimista, criativa,
aberta a novas possibilidades e às interações com os outros.
Tanto o feedback corretivo como o feedfoward
motivam a pessoa a desenvolver-se, mas por razões diferentes. No primeiro caso,
a motivação é suprir uma falha ou carência e adequar-se àquilo que os outros
esperam. No segundo, a motivação é concretizar algo que a pessoa deseja para si
mesma e que faz todo sentido para ela.
Em seus artigos sobre liderança, o cientista
comportamental Richard Boyatzis* sugere que os líderes aproveitem todas as
oportunidades para ter o que ele chama de “conversas inspiradoras” (poderia ser
a tradução de feedfoward). Nas situações em que a pessoa está com uma
dificuldade ou problema de desempenho, por exemplo, o líder poderia iniciar a
conversa estimulando-a a imaginar como será quando tiver superado aquela
dificuldade ou atingido o resultado esperado. Isso a levará a criar uma visão
de futuro inspiradora para si – como seria seu dia a dia, o que faria e como se
sentiria. Na sequência, o líder pergunta que recursos técnicos ou
comportamentais a pessoa poderia desenvolver para concretizar sua visão,
deixando que ela identifique seus gaps. Eventualmente, ele pode contribuir com
a sugestão de um ou outro recurso que percebe ser necessário e ajuda a pessoa a
construir um plano de ação para o seu desenvolvimento.
Note que essa conversa começou um feedfoward, e, no
momento em que o líder dá a sua sugestão de recurso a ser desenvolvido, faz o
mesmo que faria num feedback. Não deixou de dar o seu recado e o conectou com a
visão da pessoa para si própria, o que faz todo sentido para ela. Essa
estratégia, associada a uma postura de liderança ressonante e utilizada em
conjunto com o tradicional feedback, tem tudo para dar ótimos resultados.
texto de: Regina Giannetti Dias Pereira
* Richard Boyatris é professor de comportamento organizacional,psicologia e ciências cognitivas da Case Western University(EUA).
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