Cresce no Brasil a parcela de mulheres que tomam a dianteira sobre como investir o dinheiro da família. Mas ainda falta educação financeira para fazer isso de forma eficiente
Anne Dias, da VOCÊ SA
Segundo a economista Alexandra Almawi, da Lerosa Investimentos, "As mulheres são mais detalhistas e costumam perder menos dinheiro"
São Paulo - Contratar mais mulheres. Essa foi uma das
recomendações da diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Christine
Lagarde, para que o setor financeiro se fortaleça e
evite novas crises.
"Os bancos iriam se beneficiar da forma diferente de avaliar
riscos que as mulheres podem
trazer à mesa", afirmou Christine, em maio, durante palestra no 43º
Simpósio da Universidade de Saint Gallen, na Suíça.
Christine, que já foi ministra de Finanças da França antes de se
tornar a primeira mulher a dirigir o FMI, não é a única a defender as virtudes
das mulheres na administração do dinheiro.
Esse pensamento também está presente no recém-lançado Warren Buffet Investe Como as
Mulheres (Saraiva), no qual a autora, Louann Lofton, defende que foi com um
perfil normalmente associado às mulheres — negociar menos, não ser super confiante,
evitar riscos, pesquisar exaustivamente onde irá investir e aprender com os
próprios erros — que o mega investidor americano se tornou o quarto homem mais
rico do mundo.
"As mulheres são mais detalhistas, avaliam mais os
investimentos antes de tomar uma decisão e tendem a ser mais conservadoras que
os homens, por isso costumam perder menos dinheiro", diz a economista
Alexandra Almawi, da Lerosa Investimentos.
Essas características estão sendo observadas com atenção pelo
mercado, já que a massa da renda feminina cresce em ritmo acelerado no Brasil.
Neste ano, a renda total da população feminina no país deve atingir 1,01
trilhão de reais, o equivalente ao PIB da Suécia.
Para ter uma ideia do significado desse número, nos últimos dez
anos a renda total da população feminina cresceu 83%, ante 45% da masculina —
um reflexo do aumento da proporção de trabalhadoras com carteira assinada na
população economicamente ativa.
Com mais dinheiro na mão, e chefiando uma maior proporção de
lares, elas começam a tomar a dianteira quando se trata de decidir como
investir o dinheiro da família. Segundo dados de 2011 do Instituto Sophia Mind,
52% delas poupam ou investem parte da renda.
Se primam por algumas qualidades, também tropeçam em alguns erros
básicos, como não saber comparar taxas de juro quando precisam se endividar, e
confessam sua carência quando o assunto é educação financeira — 50% sentem que
têm de aprender muito mais sobre o assunto. Portanto, procure livros e se
informe pela internet. Depois disso, vale falar com o gerente.
Para
ficar melhor
Conheça
algumas dicas que podem melhorar seu desempenho financeiro
1 Seja menos conservadora
Em
geral, as mulheres são mais conservadoras e arriscam menos, porque temem que
alguma coisa ruim possa acontecer (como desemprego ou doença). Por isso, a
caderneta de poupança é o investimento preferido por 76% delas. Mas há alguns
investimentos, como títulos públicos, que são uma alternativa mais rentável que
a poupança.
2 Aumente sua educação financeira
Sete
em cada dez brasileiras admitem ter dificuldade para entender as diversas
opções de investimento. Muitas mulheres não investem em fundos multimercados —
atrelados a juros, dólar ou ações — por desconhecimento. Se soubessem que a
gestão desses fundos é transparente e tem fiscalização da CVM, talvez mudassem
de ideia.
3 Continue sendo previdente
As
mulheres costumam destinar maior porcentagem de seu rendimento mensal para a
previdência privada. Enquanto os homens têm tíquete médio de até 7% de sua
remuneração, o das mulheres fica entre 8% e 9%. Atualmente, dos 12 milhões de
planos ativos, 42,3% têm mulheres como titular. Há dez anos a participação
delas era de 35%.
4 Controle seus hormônios
Pesquisas mostram que no período da TPM as mulheres ficam mais
nervosas e ansiosas. E o que fazem? Compras. Previna-se desse problema.
"O ideal é não fazer compras quando se está triste, angustiada ou
ansiosa", diz Roberta Omeltech, consultora financeira. Sentiu aquela
tristeza chegando, saia de casa sem cartão de crédito ou cheque.
5 Escolha suas dívidas
Se
sabe que vai ser inevitável se endividar, busque as opções mais baratas, com os
juros mais baixos, como o crédito consignado. "Sempre há uma
alternativa mais barata do que o cartão de crédito e o cheque especial",
diz o consultor de investimentos Marcelo de Líbero D’Agosto. Inclua a família
nas medidas de economia.
6 Aprenda a negociar
Em
várias partes do Brasil, como Manaus e Salvador, as mulheres formam o maior
grupo de devedores, segundo dados do Serviço Central de Proteção ao Crédito
(SCPC). Se a dívida foi inevitável, o jeito é negociá-la. Converse com o
credor, peça desconto. Mostre-se interessada em solucionar a questão. E evite
reincidir na dívida.
7 Revire seu guarda-roupa
Um
dos grandes ralos do dinheiro feminino e motivo de endividamento são os
gastos com roupa e beleza. Contrarie essa tendência tirando tudo do armário de
tempos em tempos. Ao redescobrir a quantidade de peças que nunca usou, crescem
as chances de reduzir os gastos. Pode acreditar, funciona.
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