Por volta do ano 500 a.C., na Grécia Clássica, um boxeador chamado Scopas, ao alcançar a mais importante vitória de sua carreira, contratou o poeta Simônides de Ceos para escrever um hino, em seu louvor, que registrasse a conquista e fosse apresentado na festa comemorativa desse feito. Assim aconteceu. Apontado por alguns como o pai do iluminismo grego, Simônides não era um poeta qualquer. Platão o chamava de “homem sábio e divino” e Gotthold Lessing o intitulou como o “Voltaire grego”. Simônides, autor da frase “pintura é poesia silenciosa e poesia é pintura falante”, inspirou as teorias de Kandinsky sobre a relação entre espiritualidade e arte. O pintor russo, mais de dois milênios depois, desenvolveu a idéia do grego e, em seu livro “Do espiritual na Arte”, lançou a proposta de escutar, em um piano interno, a música de cada imagem. Segundo conta Cícero, quando Scopas percebeu que o poema que havia encomendado tinha dois terços de sua sofisticada retórica louvando os deuses de